Queixas contra cobertura e atrasos crescem na esteira de rescisões de planos

Reclamações estão relacionadas a descredenciamento de unidades hospitalares, médicos e laboratórios, deixando beneficiários sem cobertura

Daniel Haidar
09/09/2024 | 16:45 | Belo Horizonte
Atualizado em 09/09/2024 às 18:54

Levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), obtido pelo JOTA, mostra que cresceram, de abril até o fim de julho, as queixas de negativa de cobertura de planos de saúde. O aumento coincide com a escalada das reclamações de rescisões unilaterais de contratos por adesão.

Os dados mostram que houve alta de 20,34%, se consideradas as 36.126 reclamações registradas de janeiro a julho deste ano por “negativa de cobertura”, em comparação às 30.021 queixas feitas no mesmo período do ano passado.

Todas essas queixas tinham o termo “cobertura” no relato feito pelo consumidor.
As queixas de “negativas de cobertura” foram apontadas como mais frequentes e preocupantes por representantes de beneficiários e órgãos de defesa do consumidor em audiência pública no Senado, na última quarta-feira (21/8).

De acordo com a ANS, queixas de negativa de cobertura costumam refletir também problemas como descredenciamento de unidades hospitalares, médicos e laboratórios, que deixam os beneficiários sem opções de atendimento e, portanto, têm a cobertura negada.

“O cancelamento hoje só está mais escancarado. Mas o descredenciamento é o que mata mais, porque a pessoa fica com o plano, mas não tem onde se tratar e acaba morrendo. O descredenciamento desenfreado hoje, para mim, é mais grave do que o cancelamento e em todos os operadores”, afirmou Letícia Fantinatti, fundadora da Associação Vítimas a Mil.

Também estão em alta as queixas de violação ao prazo máximo de atendimento, imposto pela ANS. Pelas normas do setor, operadoras devem garantir que beneficiários consigam consultas em até 7 dias e procedimentos de alta complexidade em até 21 dias. Foram registradas 868 queixas na ANS sobre esse assunto em julho – já são 5.416 de janeiro a julho deste ano, contra 4.326 no mesmo período do ano passado, uma alta de 25%.

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